EDMUND HUSSERL
(1859-1938)
Nasceu em Prosznitz (Morávia - Tchecoslováquia), em 8 de abril de 1859
Edmund Husserl realizou seus estudos em Leipzig , Berlim e Viena, dedicando-se primeiramente à matemática. Influenciado por Franz Bretano, Husserl aproximou-se da filosofia por volta de 1884. Através deste filósofo, Husserl encontrou a objetividade diante dos problemas propostos pela filosofia , ciência esta que até então olhava com desconfiança. Foi nomeado professor de filosofia em Gotinga no ano de 1901. Lecionou em Friburgo em1916. Por ser judeu, teve que interromper sua carreira universitária, sofrendo pressão do regime nazista. Faleceu em 1938 na cidade de Friburgo no dia 26 de abril. Defendeu em 1883 uma tese sobre cálculos de variações. Já influenciado pela filosofia, em 1891 publicou "A Filosofia da Aritmética". Em 1887 foi nomeado livre docente em Halles. Publicou em 1901 "Pesquisas Lógicas"; em 1911 "A Filosofia como Ciência Rigorosa"; em 1913 "Idéias por uma Fenomenologia Pura e uma Filosofia Fenomenológica"; em 1929 "A Lógica Formal e a Lógica Transcedental"; em 1931 foram publicadas suas conferências parisienses com o título "Meditações Cartesianas". Alguns textos permaneceram inéditos após a sua morte e encontram-se no "Arquivo Husserl" de Lovaina. Em 1950 foi publicada "A Crise das Ciências Européias e a Fenomenologia Transcedental", escrito entre 1935 e 1936. O ideal husserliano exprime-se pela determinação em dar consistência científica à filosofia e assim atingir as outras ciências, através de uma base sólida de racionalidade, como exige uma fundamentação rigorosa. Herda a necessidade de exatidão de seus estudos matemáticos, buscando constantemente maior clareza em suas descobertas. Isto faz com que esteja presente em sua filosofia um dinamismo permanente, onde nada é tido como fechado, acabado, caracterizando esta filosofia por uma consciência sempre aberta. Husserl funda então a fenomenologia. Inicialmente desenvolveu uma ciência da experiência, a que denominou de psicologia rigorosa descritiva. Em seu texto "Investigações Lógicas", Husserl procurou mostrar que há uma diferença de direito entre a psicologia e as ciências normativas puras, considerando que as leis lógicas não fundamentam a psicologia, pois considera o psíquico como um fenômeno e não como uma coisa física, palpável. Fenômeno para ele é consciência enquanto fluxo temporal de vivências, apresentando intencionalidade enquanto estrutura, ou seja, consciência de algo. A fenomenologia procura examinar a experiência humana de forma rigorosa, por meio de uma ciência da experiência. Desta maneira, a reflexão se faz necessária, a fim de tornar possível observar as coisas tal como elas se manifestam em sua pureza original e descrevê-las. É a investigação daquilo que é genuínamente possível de ser descoberto e que esta potencialmente presente, mas nem sempre visto, através de procedimentos próprios e adequados. É o encontro com as coisas mesmas. Para tanto, Husserl propõe a suspensão de qualquer julgamento, abandonando os pressupostos em relação ao fenômeno que se apresenta, ao que denomina de suspensão fenomenológica ou epoché. Phenomenom + logos, ou seja, fenomenologia é então o discurso sobre aquilo que se mostra como é, caracterizando esta ciência como estando em contato direto com o ser absoluto das coisas, dirigindo o conhecimento para o que há de essencial nas coisas. É a filosofia do inacabado, do devir, do movimento constante onde o vivido aparece e é sempre ponto de partida para se chegar a algo. Para Husserl, a lógica, ou seja, a teoria das ciências, necessita também de uma fundamentação na sua própria essência de teoria. Fundamentar a lógica e fundamentar a filosofia são expressões equivalentes para este pensador. Acredita ele, que este alicerce só será possível através da fenomenologia. Sua teoria acaba por influenciar diversos pensadores que, por serem seus discípulos ou por entrarem em contato com a sua obra, de alguma outra forma acabaram divulgando esta filosofia e atribuindo a ela outros rumos, como por exemplo: Heidegger, Sartre, Max Scheler, Merlau-Ponty, Gabriel Marcel, Tran Duc Tao, Nicolai Hartmann, etc. Deve-se ainda à fenomenologia influências sobre outras ciências como: psicologia, psiquiatria, antropologia, filosofia da religião e filosofia moral.
Acontecimentos culturais e históricos:
1859 - A Segunda Guerra de Independência Italiana
1861 - Itália - Proclamação do Reino
1861-1865 - Estados Unidos - Guerra da Secessão
1865 - Estados Unidos - abolição da escravatura
Morre Lincoln - vítima de atentado
Mendel - a lei da hereditariedade
Berhard - "Introdução ao Estudo da Medicina Experimental"
1866 - Estados Unidos - igualdade civil dos negros
Guerra Austroprussiana
1867 - Marx - "O capital" volume 1
1869 - Abertura do Canal de Suez
Estados Unidos - ferrovia transcontinental
1869-1870 - Concílio Vaticano I: infantilidade do papa
1870 - Guerra Francoprussiana
1871 - Proclamação do Império Germânico
A Comuna de Paris
Darwin - "A Origem do Homem"
1876 - Itália - esquerda no poder
1877 - Japão - fim do feudalismo
Édison - fonografo e microfone
1878 - Leão XIII - papa
Congresso de Berlim
Édison - lâmpada elétrica
Tolstói - "Ana Karenina"
1879 - Wundt - Instituto de Psicologia Experimental
1881 - Nietzsche - "Aurora"
1882 - Tríplice Aliança
1885 - Conferência de Berlim
1888 - Brasil - abolição da escravatura
1890 - Wilde - "O Retrato de Dorian Gray"
1892 - Fundação do Partido Socialista Italiano
Diesel - motor a diesel
1900 - Zeppelin - dirigível
1901 - Freud - "Psicopatologia da Vida Cotidiana"
1903 - Russerl - "Os Princípios da Matemática"
1905 - Rússia - primeira revolução
Eistein - a relatividade estrita
1907 - Lumiére - fotografia a cores
James - "Pragmatismo"
1908 - Revista La Voce
1911 - China - revolução dos Jovens Comunistas
1912 - I Guerra Balcânica
Adler - "O Temperamento Nervoso"
1913 - II Guerra Balcânica
1914 - Explode a Primeira Guerra Mundial
1917 - Fim da Primeira Guerra Mundial
Proclamação das Repúblicas: Áutria, Hungria, Alemanha e Polônia
1919 - Tratado de Paz
Nascem a Tchecoslováquia e Iuguslávia
Filme Sonoro
1921 - Rússia - NEP
1924 - T. Mann - "A Montanha Encantada"
China - início da revolução nacionalista
1925 - Itália - inicia-se a ditadura fascista
1926 - Hartmann - "Ética"
1927 - Heidegger - "Ser e Tempo"
Marcel - "Diário Metafísico"
Kautsky - "A Concepção Materialista da História"
1928 - Carnap - "A Construção Lógica do Mundo"
Fleming - penicilina
Jung - "O ego e o inconsciente"
1929 - Itália - Vaticano - Pactos Lateranses
Nova Iorque - queda da bolsa
1930 - Alemanha - vitória eleitoral nazista
1931 - China - I república soviética
1932 - Estados Unidos - Roosevelt presidente
1937 - Picasso - "Guernica"
1938 - Sartre - "A Náusea"
Bibliografia recomendada:
CHATELET, Françoise. História da Filosofia. vol. III, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1995.
GILES, Thomas Ranson. História do Existencialismo e da Fenomenologia. São Paulo, EPU, 1989.
HIRSCHBERGER, Johannes. História da Filosofia Contemporânea. São Paulo, Herder, 1963
HUSSERL, Edmund. "Investigações lógicas: sexta investigação: elementos de uma elucidação fenomenológica do conhecimento". Coleção Os Pensadores, São Paulo, Nova Cultural, 1988.
MARTINS, Joel e DICHTCHEKENIAN, Maria Fernanda S.F. Beirão. (Orgs.) Temas Fundamentais de Fenomenologia. São Paulo, Editora Moares, 1984.
REALE, Giovanni e ANTISERI, Dario. História da Filosofia. vol. III, São Paulo, Paulus, 1991.
VvAa. História do Pensamento. vol. IV, São Paulo, Nova Cultural, 1988.