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MAX SCHELER

(1874-1928)

Filósofo alemão

Max Scheler nasceu em Munique, em 1874, falecendo em 1928, aos 53 anos de idade, em plena produção filosófica. Lecionou em Iena, Munique e Colônia, sendo transferido para Francfort. Em Iena entrou em contato com Eucken, que veio influenciá-lo inicialmente, expondo para Scheler sua concepção de um mundo ideal. Logo em seguida, em contato com a fenomenologia de Husserl, teve a oportunidade de relacionar o método intuitivo com a ética, fundando assim a sua chamada "ética material dos valores". É considerado um filósofo da fenomenologia, ligando-se a este método pelos seguintes motivos: "aversão pelas construções abstratas e a capacidade de captar intuitivamente a verdade da essência". Scheler possuía um vínculo com a igreja católica, que por motivos pessoais foi rompido em 1923, chegando a declarar, nunca haver se sentido uma pessoa católica. Admitia a importância, para o homem, do impulso e do instinto vital. Estas concepções acabaram levando o autor a considerar o valor do espírito e das idéias frente ao predomínio do impulso, do instinto, da economia e da política. Na elaboração de sua teoria a respeito da simpatia, enquanto questão metafísica, reporta-se a pensadores como Platão, Agostinho, Tomás, Espinosa, Hegel, Baader, Schpenhauer, Hartman, Bergson, Driesch e Becher. Estes, como Scheler, procuraram no amor e na simpatia algo que colocasse o homem próximo ao que existe de mais íntimo nas coisas. Suas principais obras são: "O transcendental e o método psicológico" (1901); "O ressentimento e o juízo moral dos valores" (1912); "O gênio da guerra e a guerra alemã " (1915); "Escritos e esboços" (2 volumes, 1915 e Segunda edição com o título: "Crise dos valores", 1919); "Guerra e Construção" (1916); "O eterno no homem"(1921); "Essência e formas de simpatia" (1923); "Escritos de sociologia e da doutrina da Weltanschauung" (4 volumes - 1923/24); "As formas do saber e a sociedade" (1926); "A posição do homem no cosmo" (1928); "Intuição filosófica do mundo" (1928); "A idéia da paz e o pacifismo" (1931); Escritos póstumos (1933). Opõe-se à ética de Kant, atribuindo a ela arbitrariedade. Segundo a compreensão de Scheler esta ética não permite a plenitude e a alegria de vida, uma vez que Kant considera o dever como algo fundamental à ética. O pensamento de Scheler volta-se contra o formalismo a priori kantiano, pois para Scheler o a priori encontra-se nos valores ("ética material dos valores"). O homem, em seu mundo, reconhece e descobre estes valores através da intuição emocional, e não através da capacidade intelectual. Assim, o homem não cria valores, os valores são valores. A ética proposta por este filósofo, é uma análise fenomenológica da experiência emotiva, objetivando oferecer esclarecimento a respeito dos valores. Este pensador realiza ainda uma análise crítica do relativismo dos valores de Nietzsche, quando este refere-se a "novos" valores. Os valores dos quais trata Scheler, não referem-se nem a bens, nem a fins, uma vez que são revelados através da experiência emotiva intencional, ou seja, intuição emotiva. Scheler organiza os valores hierarquicamente como: 1. valores sensoriais; 2. valores da civilização; 3. valores vitais; 4. valores culturais ou espirituais (éticos, ético-juridicos, especulativos) e 5. valores religiosos. Esta organização permite a Scheler a constituição de uma antropologia personalista, de onde surge o indivíduo como um "ser espiritual" e como uma "pessoa" que "tem um mundo". Scheler expõe a idéia de ascese mundana, proporcionando abertura ao homem frente a natureza, frente ao próximo e frente a Deus. Para este filósofo, o sentido de valor não possui somente uma importância ética, estando presente também em sua proposta de uma psicologia das emoções. Nesta, aborda principalmente as formas e as essências da simpatia, do amor e do ódio. Procura investigá-las a fundo nas suas origens, nas suas possíveis descrições, assim como nas suas manifestações no relacionamento com o outro e com a comunidade. Ao homem, existente em sua condição de devir, é possível realizar alguns valores, que acabarão destinguindo-o enquanto uma pessoa única . A teoria dos valores de Scheler é considerada por ele mesmo, como uma introdução a uma compreensão fenomenológica da personalidade humana. Sua teoria aborda também a questão da religião. Ele escreve uma das obras mais expressivas da fenomenologia da religião: "O eterno no homem". Scheler parte do princípio de que o Nada não existe e em contrapartida considera a existência de um ser Absoluto, que é Deus. Acredita que o homem só pode saber de Deus através da fé que traz em relação a ele, de outra forma isto torna-se impossível. O homem é compreendido, pelo autor, como expressão da divindade, sendo assim, Deus também é homem, mas somente a Deus cabe a onipotência, a onisciência, a infinitude. Scheler considera que há três formas do saber que podem acontecer simultaneamente: o saber religioso, o saber metafísico e o saber técnico. Aponta ser importante observar como os saberes se relacionam entre si, assim como se relacionam com as estruturas sociais. Realizou estudos relativos à relações de classes e suas ideologias, que expressam os pilares que sustentam a sua sociologia do saber. Percebe-se que a filosofia de Scheler influenciou outros pensadores, o que fica claro na ética de Hartmann e na fenomenologia da experiência emotiva de Heidegger.

Acontecimentos culturais e históricos:

1876 - Itália - esquerda no poder
1877 - Japão - fim do feudalismo
            Peirce - "A Fixação na Crença"
            Édison - fonografo e microfone
1878 - Leão XIII - papa
            Congresso de Berlim
            Édison - lâmpada elétrica
            Tolstói - "Ana Karenina"
1879 - Wundt - Instituto de Psicologia Experimental
1881 - Nietzsche- "Aurora"
1882 - Tríplice Aliança
1885 - Conferência de Berlim
1888 - Brasil - abolição da escravatura
1890 - Wilde - "O Retrato de Dorian Gray"
1892 - Fundação do Partido Socialista Italiano
            Diesel - motor a diesel
1900 - Zeppelin - dirigível
1901 - Freud - "Psicopatologia da Vida Cotidiana"
1903 - Russerl - "Os Princípios da Matemática"
1905 - Rússia - primeira revolução
            Eistein - a relatividade estrita
1914 - Explode a Primeira Guerra Mundial
1917 - Fim da Primeira Guerra Mundial
            Proclamação das Repúblicas: Áutria, Hungria, Alemanha e Polônia
1919 - Tratado de Paz
            Nascem a Tchecoslováquia e Iuguslávia
            Filme Sonoro
1921 - Rússia- NEP
1924 - T. Mann - "A Montanha Encantada"
            China - início da revolução nacionalista
1925 - Itália - inicia-se a ditadura fascista
1928 - Carnap - "A Construção Lógica do Mundo"
            Fleming - penicilina

Bibliografia recomendada:

ABBAGNANO, Nicola. História da Filosofia. Vol. XIV, Lisboa, Presença, 1970.

HIRSCHBERGER, Johannes. História da Filosofia Contemporânea. São Paulo, Herder, 1963.

REALE, Giovanni e ANTISERI, Dario. História da Filosofia. Vol. III, São Paulo, Paulus, 1991.