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SANTO TOMÁS DE AQUINO

(1227-1274)

Filósofo italiano nascido no reino de Nápoles

Conhecido também como "doutor angélico", fez seus primeiros estudos no mosteiro beneditino de Monte-Cassino. Há uma curiosa história, ouvida por Guilherme de Tocco, um dos mais importantes biógrafos de Tomás de Aquino, e que foi reproduzida em seu processo de canonização. Baseia-se num relato feito por sua mãe, Teodora de Teate. Certo eremita com fama de santo, que habitava na montanha onde se localizava o castelo de Roccasseca, procura-a para lhe dizer: "Nobre senhora, alegrai-vos. Dareis em breve à luz um filho. Pensareis, de acordo com o vosso marido, em o consagrar à vida monástica, no Monte Cassino, onde descansa o bem-aventurado Bento, na esperança de o ver governar mais tarde essa Abadia e usufruir importantes rendimentos. Mas os desígnios de Deus são diversos. Pertencerá à Ordem dos Pregadores. Brilhará com tal fulgor na ciência, com tal santidade na vida, que outro não haverá que se lhe compare na sua época". E o eremita, que tem o nome de Frei Buono, acrescenta que "o nascituro deverá chamar-se Tomás". Santo Tomás de Aquino entrou para a Ordem dos Dominicanos em 1243, apesar da oposição de sua família. Em 1248 ordenou-se sacerdote. Estudou na Universidade de Nápoles e, logo em seguida, foi aluno, por sete anos, de Alberto Magno, em Colônia. Chega a Paris, formando-se bacharel bíblico em 1252. É aceito como mestre no convento de Saint-Jacques, depois na Universidade, até 1259. A partir de então, dedica sua vida ao ensino. Urbano IV convoca-o de novo a Roma e ele torna-se pregador geral. Tendo ensinado em Roma e em Viterbo, retoma sua cadeira parisiense no período de 1269 a 1272. Prega em Nápoles e morre quando ia participar do Concílio de Lião. Coube a Santo Tomás de Aquino retomar o pensamento original de Aristóteles, recuperando o mundo sensível que havia sido considerado fonte de pecado durante quase toda a Idade Média. Mais que isso, fez as devidas adaptações à visão cristã e escreveu uma obra monumental, a Suma Teológica, onde, uma vez mais, as questões da fé são abordadas pela luz da razão e a filosofia é o instrumento que auxilia o trabalho da teologia. É com um Aristóteles cristianizado que surge então a filosofia aristotélica-tomista. Sua teoria do conhecimento pretende ser, ao mesmo tempo, universal (estende-se a todos os conhecimentos) e crítica (determina os limites e as condições do conhecimento humano). O conhecimento verdadeiro seria uma "adequação da inteligência à coisa". Retomando a física e a metafísica aristotélica, estabelece as "cinco vias" que nos conduzem a afirmar racionalmente a existência de Deus. Deus é a causa de tudo, mas não age diretamente nos fatos da criação: Ele instaurou um sistema de leis, causas segundas, ordenando cada um dos domínios naturais segundo sua especificidade própria. Deus é o primeiro motor imóvel, é a primeira causa eficiente, é o único Ser necessário, é o Ser absoluto, o Ser cuja Providência governa o mundo. Com a Suma Teológica, Tomás de Aquino combate as teses averroístas de um intelecto agente único, da eternidade da matéria e da dupla verdade (o que é verdadeiro em teologia pode ser falso em filosofia e vice-versa). Outra obra importante é a Suma contra os Gentios; composta para servir de manual aos missionários dominicanos empenhados na conversão dos muçulmanos. Trata-se, portanto, de uma exposição de teologia cristã adaptada à mentalidade muçulmana; uma primeira parte trata das verdades cristãs acessíveis à razão, o restante diz respeito aos mistérios cognoscíveis apenas pela revelação. Escreve também as Questões Disputadas, que apresenta o seu interesse em refletir com exatidão as idéias e as controvérsias da época. Os opúsculos são escritos ocasionais; os mais célebres dentre eles tratam Do Ser e da Essência, Da Eternidade do Mundo, Da Unidade do Intelecto, Das Substâncias Separadas. Assim, Santo Tomás de Aquino introduz no teísmo cristão o rigor do naturalismo peripatético. Porém, distingue o Estado e a Igreja, o direito e a moral, a filosofia e a teologia, a natureza e o sobrenatural. "A última felicidade do homem não se encontra nos bens exteriores, nem nos bens do corpo, nem nos da alma: só pode encontra-se na contemplação da verdade."

Acontecimentos culturais e históricos:

1228-1229 - Sexta Cruzada
1229-1232 - Instituição da Inquisição
1248-1254 - Sétima Cruzada
1253 - Fundação da Sorbone
1262 - Tomada de Cádis pelos Espanhóis
1270 - Oitava Cruzada (morte de São Luís)
1271-1275 - Marco Pólo na China

Bibliografia recomendada:

AMEAL, João. São Tomás de Aquino - Iniciação ao estudo da sua figura e da sua obra. Porto-Portugal, Livraria Tavares Martins, 1956.

CHÂTELET, François. História da Filosofia - A Filosofia Medieval. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1983.

JOLIVET, Jean. Tradução de Lourdes Ortiz. Historia de la Filosofia: La Filosofia Medieval en Occidente. México, vol. IV, Siglo Veintiuno Editores, 1990.

Santo Tomás de Aquino. Tradução de Luiz João Baraúna, Coleção Os Pensadores. São Paulo, vol. VIII, Abril Cultural, 1973.