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ARTHUR SCHOPENHAUER

(1788-1860)

Filósofo alemão

Arthur Schopenhauer nasceu em Dantzig (Prússia), em 22 de fevereiro de 1788. Filho do comerciante Henrich Floris Schopenhauer e de Johanna Henriette Trosenier, que o encaminharam aos estudos voltados para o comércio. Viajou por diversos países da Europa com a finalidade de aprimorar seus conhecimentos. Após o falecimento de seu pai, provavelmente por suicídio, Arthur iniciou seus estudos humanísticos. Em 1807 matriculou-se no Liceu Weimar. Em 1809 cursou a faculdade de medicina de Gottigen, tendo como professor Schulze, que o aconselhou o estudo de Platão e Kant. Em 1811, na Universidade de Berlim, assistiu cursos ministrados por Schleiermacher e Fichte. Doutrinou-se pela Universidade de Berlim com tese intitulada "Quadrupla Raiz do Princípio da Razão Suficiente". Johanna, sua mãe, era escritora. Mulher bem sucedida como romancista, frequentava círculos que Arthur considerava "mundanos", e por isso não recebiam sua aprovação. Johanna criou um salão em Weimar, onde nas poucas visitas que Schopenhauer fez a este local, teve oportunidade de entrar em contato com Goethe. Tornaram-se amigos e Goethe acabou por sugerir que Schopenhauer trabalhasse uma teoria anti-newtoniana. Este estudo possibilitou que, em 1816, realizasse um trabalho intitulado: "Sobre a Visão e as Cores". A relação mãe e filho era instável e conflituosa, levando Schopenhauer a distanciar-se definitivamente de sua mãe em 1814 . Ambos desvalorizavam-se mutuamente em público. A mãe, disse certa vez, que a tese de Schopenhauer não passava de um "tratado de farmácia", ao mesmo tempo que o filho declarava que Johanna somente seria lembrada por ter sido sua mãe, e não pelos romances que escreveu. Nesta época, Schopenhauer mudou-se para Desdra. No período compreendido entre 1818 e 1819, este filósofo viveu na Itália. Ao retornar em 1820, após submeter-se a uma seleção, passou a ministrar aulas em Berlim, na Universidade de Berlim. Neste período entra em conflito com Hegel, que lecionava na mesma universidade, disputando com ele a presença de alunos em seus cursos. Schopenhauer fracassa nesta disputa. Com apenas quatro ouvintes em sua sala, renunciou às aulas. Apresentou crises depressivas após o ano de 1821, ao desentender-se com uma pensionista que residia na mesma pensão em que vivia. Este episódio, fez com que Schopenhauer se comprometesse economicamente com a pensionista por muitos anos. Mais tarde, Schopenhauer voltou a procurar a Universidade de Berlim para lecionar, mas não obteve êxito nesta procura. Publicou, nesta época a obra "O Mundo como Vontade e Representação", pela qual recebeu algum reconhecimento. Vinte anos após esta publicação, saiu a segunda edição desta obra, enriquecida com um segundo volume de notas e adiantamentos. Em 1831, para fugir de uma epidemia de peste que tomava Berlim, Schopenhauer mudou-se para Frankfurt, permanecendo nesta cidade até seu falecimento, que deu-se em 21 de setembro de 1860, vítima de pneumonia. Viveu uma vida muito solitária, preferindo a companhia de animais a outros seres humanos. Nos últimos anos de sua vida, obteve reconhecimento do público em relação a sua obra, quando então na Alemanha a filosofia de Hegel perdeu sua força, dando lugar a filosofia de Schopenhauer. Suas idéias exercem forte influência sobre a cultura posterior à dele, o que percebe-se nas obras de Horkheimer, Wittgenstein e escritores como Tolstói, Zola, Anatole France, Kafka e Thomas Mann. Suas principais publicações foram: "O Mundo como Vontade e Representação"(1819 - 1ª edição); "Sobre a Quadrupla Raiz do Princípio da Razão Suficiente" (1813); "Sobre a Visão e as Cores" (1816); "Sobre a Vontade da Natureza" (1836); "Os Dois Princípios Fundamentais da Ética" (1841); "Parerga e Paralipomena" (1851- conjunto de ensaios). Schopenhauer critica vorazmente as filosofias de Fichte e Schelling, julgando-as "a enfatuada, vacuidade", apesar de reconhecer nelas algum talento. Seu maior alvo de críticas, porém, foi Hegel, a quem julga um "charlatão", rotulando sua filosofia como "palhaçada filosófica". Sua oposição a Hegel deve-se principalmente à concepção hegeliana da história como progresso. Para Schopenhauer a história não nos ensina, sendo ela apenas repetição de fatos, não acrescentando nada ao homem. Considera que o idealismo está voltado a interesses ligados a Igreja e ao Estado. Identifica nesta corrente de pensamento uma posição sofística que atribuí principalmente a Hegel, concluíndo então que o idealismo não encontra-se comprometido com a verdade. A filosofia de Schopenhauer tem como referência a primeira filosofia de Kant, a quem sempre considerou como o filósofo mais original e importante da história do pensamento. Kant aponta a diferença existente entre o fenômeno e a coisa-em-sí, e acredita que o fenômeno é a única realidade acessível ao conhecimento, o que não pode-se conhecer é a coisa-em-sí. Para Schopenhauer o fenômeno não passa de aparência, ilusão, sonho - o que na filosofia indiana é definido como "Véu de Maia" - sendo que a coisa-em-sí é a realidade que se esconde atrás do fenômeno. A leitura que Schopenhauer atribuí ao fenômeno sob influência das filosofias indiana e budista, em nada se assemelha à filosofia kantiana. Partindo de sua concepção de fenômeno, Schopenhauer sugere que sua filosofia seja uma integração necessária à filosofia de Kant, pois ele acredita haver descoberto o acesso à coisa-em-sí, ao qual denomina " vontade". O conceito de vontade deste filósofo diz respeito a algo infinito, uno, indizível, e não a uma vontade finita, individual, ciente. Ela estaria presente no homem, como em toda a natureza. Para Schopenhauer, a realidade é vontade irracional, onde o finito nada mais é que mera aparência da realidade. A vontade infinita, traz com ela a característica da insaciabilidade, sendo então algo conflituoso que geraria dor e sofrimento ao homem. Schopenhauer compreende o mundo como representação e vontade. O autor diz: "O mundo é minha representação." A representação implica em dois aspectos importantes: o sujeito da representação, que é o que tudo conhece e não é conhecido por ninguém; e o objeto da representação que é condicionado pelo tempo, pelo espaço e pela causalidade. O sujeito, para ele, estaria fora do tempo, sendo uno, indiviso, em todos os seres humanos capazes de representação. Caso o sujeito deixe de existir, deixa de existir com ele o mundo representado. O homem, como representação é um fenômeno, assim como o mundo. Ambos são vontade. O corpo do homem, para este autor, é a objetivação da vontade, ou seja, do em-sí do homem. A realidade interna do homem, representada pelo fenômeno, é sua aparência. Vontade e corpo são inseparáveis, compondo um todo. A filosofia de Schopenhauer é tida como pessimista, pois o homem está enquanto finito na condição de mortal; a vontade muitas vezes não possuí meta nem finalidade, sendo insaciável. Isto tudo gera dor ao homem, o que leva ao autor afirmar: "Viver é sofrer". Esta dor aponta para as ausências do homem. A vontade pode ser temporariamente saciada, causando tédio ao homem, e logo em seguida a vontade passa novamente a sua condição de falta. A vida do homem oscila então entre a dor e o tédio. Este filósofo encontra na arte uma outra oportunidade de momentaneamente escapar da dor e do sofrimento humano. Isto é possível quando o conhecimento desvincula-se da vontade em desinteressada contemplação. Aponta a música como a arte mais profunda e universal, sendo ela a imediata revelação da vontade. Pela primeira vez na História da Filosofia a música ocupa um papel de destaque. Aponta a compaixão como sendo a forma pela qual o homem liberta-se de sua individualidade, reconhecendo-se como parte de um todo, compartilhando com os demais o sofrimento de viver. Isto, para ele é fundamental para o existir humano. Para Schopenhauer a salvação do homem do sofrimento de existir, consistiria em uma atitude radical, de renúncia do mundo e suas solicitações, anulando assim por completo a vontade, tornando-o realmente livre, indo ao encontro do nada.

Acontecimentos culturais e históricos:

1788 - Kant - "Crítica da Razão Prática"
1789 - França - explode a revolução
1791 - Galvani - eletricidade animal
1793 - França - Robespierre, o Terror
            Polônia - segunda divisão
            Schiller - "Graça a Dignidade"
1794 - Fichte - "Doutrina da Ciência"
1795 - Polônia - terceira divisão
1796-1797 - Napoleão na Itália
1798 - Napoleão no Egito
1799 - Napoleão - primeiro cônsul
1801 - A paz de Lunéville
            Napoleão e Pio VII - Concordata
1802 - Paz de Amiens - Napoleão cônsul perpétuo
1804 - Napoleão imperador - Código Napoleônico
            Schelling - "Filosofia da Religião"
1805 - Batalhas de Trafalgar e Austerlitz
            Paz de Presburgo
1806 - Fim do Sacro Império Romano
1808-1809 - Napoleão na Espanha
1810 - Berlim - fundação da Universidade
1811 - Venezuela - independência
1812 - Espanha - Constituição de Cadiz
            Napoleão na Rússia
1813 - Derrota de Napoleão em Lípsia
1814 - Napoleão é forçado a abdicar
            Stephenson - locomotiva a vapor
1814-1815 - Congresso de Viena
1814-1824 - Luís XVIII - rei da França
1815 - Os Cem Dias
            Waterloo
            Santa Aliança
            Fresnel - teoria ondulatória da luz
1816 - Argentina - independência
1817 - Hegel - "Encicliopédia"
1818 - Chile - independência
1819 - Colômbia - independência
1820-1821 - Movimentos Liberais
1821 - Peru - independência
1822 - Brasil - independência
1823 - Estados Unidos - doutrina Monroe
1824 - Beethoven - "Nona Sinfonia"
1825 - Bolívia - independência
1830 - França - revolução de julho
1831 - Bélgica - independência
            Gregório XVI - papa
            Viagem de Darwin ao redor do mundo
1832 - Inglaterra - reforma eleitoral
1833 - Inglaterra - leis sociais
1840 - Guerra do Ópio
            Trendelenburg - "Pesquisas Lógicas"
            Gioberti - "Introdução ao Estudo da Filosofia"
1841 - Feuerbach - "A Essência do Cristianismo"
            Joule - a lei da energia elétrica
1843 - Kierkegaard - "Autaut"
            J.S.Mill - "Sistema da Lógica"
1846 - Morton - anestesia com éter
1847 - Europa - crise econômico financeira
1848 - Revolução na Europa
            Primeira Guerra de Independência Italiana
            Marx-Engels - "Manifesto do Partido Comunista"
1852 - Napoleão III - imperador
            Cavour - primeiro-ministro
1853-1854 - Japão - abre seus portos aos ocidentais
1854 - Barsanti-Matteucci - motor a explosão
1855 - Campanha da Criméia
            Spencer - "Princípios da Psicologia"
1856 - O Congresso de Paris
1859 - Segunda Guerra de Independência Italiana
1860 - Itália - Expedição dos Mil

Bibliografia recomendada:

ABBAGNANO, Nicola. História da Filosofia. Vol. IX, Lisboa, Presença, 1970.

CHATELET, François. História da Filosofia. Vol. V, Rio de Janeiro, Zahar, 1974.

HIRSCHBERGER, Johannes. História da Filosofia Contemporânea. São Paulo, Herder, 1963.

REALE, Giovanni e ANTISERI, Dario. História da Filosofia. Vol. III, São Paulo, Paulus, 1991.

SCHOPENHAUER, Arthur. "O Mundo como vontade de Representação, Crítica a Filosofia Kantiana, Pererga e Paralipomena". Coleção Os Pensadores, São Paulo, Nova Cultural, 1988.

VvAa. História do Pensamento. Vol. IV, São Paulo, Nova Cultural, 1988