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ZENÃO DE CÍCIO

(cerca de 334-262 a.C.)

Filósofo grego, da ilha de Chipre (cidade grega que recebera colonos fenícios)

Filho de Mnasea, Zenão era um jovem de raça semítica. Viveu em Chipre até transferir-se para Atenas, por volta de 312-311 a.C., aos 22 anos, por uma opção, segundo dizem, espiritual. Seu pai que viajava entre Chipre e Atenas como comerciante, levou-lhe, ao retornar de uma de suas viagens, alguns escritos socráticos. Daí em diante, passou a levar-lhe outros livros socráticos. Foram, muito provavelmente, esses "livros socráticos" que amadureceram no jovem a decisão de transferir-se para Atenas e tomar contato direto com as fontes da cultura helênica e dedicar-se inteiramente à filosofia. Zenão estudou pelos livros os filósofos antigos e, em Atenas, pôde estudar o pensamento de seus contemporâneos. Heráclito, Sócrates, Epicuro, os acadêmicos, enfim, todos colaboraram para o desenvolvimento de sua própria filosofia. Foi discípulo do cínico Crates, de onde provém muito de sua doutrina, no que diz respeito ao desapego aos prazeres e à simplicidade (vida sem luxo). Um acontecimento influiu de modo determinante sobre Zenão: a fundação do Jardim, por Epicuro, em 307-306 a.C.. Esse acontecimento constituiu uma verdadeira revolução na vida espiritual de Atenas. Zenão certamente compreendeu que Epicuro buscava satisfazer às mesmas necessidades que também ele experimentava. Buscava dar voz às instâncias que também sentia como imprescindíveis. Praticava a filosofia como novo valor de "arte de viver". Mas se Zenão dividia o conceito epicurista da filosofia, assim como o conseqüente modo de pôr os problemas filosóficos, não aceitou as soluções desses problemas e tornou-se logo ferrenho adversário dos dogmas do Jardim. Portanto, a abertura do Jardim agiu como estímulo sobre Zenão, levando-o, em 300 a.C., a fundar a sua escola. Como não era cidadão ateniense, não tinha direito de adquirir um edifício, por este motivo, dava suas lições no Pórtico. Em grego, Pórtico se diz Stoá e, por essa razão, seus seguidores foram chamados de "estóicos". Zenão costumava dar suas lições passeando de um lado para outro no Pórtico. Eram muitos os que iam escutá-lo. No Pórtico, diferentemente do Jardim, foi admitida a discussão crítica em torno dos dogmas do fundador da escola e, por esse motivo, eles foram submetidos a aprofundamentos e revisões . Temas como: lógica; dialética; retórica; física; o homem; ética; virtude; felicidade; dever; os destinos da alma; o cosmos e o lugar do homem no cosmos; Deus; a necessidade e a liberdade... e muitos outros, foram discutidos por Zenão e seus seguidores. Os assuntos estudados pelos estóicos são vários mas, a moral e a virtude eram de suma importância para eles. Zenão morreu em 262 a.C.. Seus ensinamentos merecem grande estima e respeito, por causa do elevado senso moral. A sua retidão de conduta foi um grande exemplo. Embora fosse estrangeiro, os atenienses conferiram-lhe grandes honras. Os estudiosos esclarecem que é necessário distinguir três períodos do Estoicismo: o período do antigo Pórtico - final do século IV a todo século III a.C., no qual a filosofia do Pórtico é desenvolvida e sistematizada por Zenão, Cleanto e Crísipo (este último, o discípulo mais importante de Zenão); o período chamado de médio Pórtico, que se desenvolve entre os séculos I e II a.C. e se caracteriza por infiltrações ecléticas na doutrina original; e o período do Pórtico romano ou do Novo Pórtico, que se situa já na era cristã, na qual a doutrina tornou-se essencialmente meditação moral e assume fortes tons religiosos, em conformidade com o espírito e as aspirações dos novos tempos. Por estas distinções é que comporta, portanto, a necessidade de examiná-los separadamente. O pensamento de Zenão é conhecido sobretudo através de seu discípulo Crísipo, pois suas obras foram todas perdidas.

Acontecimentos culturais e históricos:

330-262 - A "Nova Comédia"
323 - Morte de Alexandre
322 - Morte de Demóstenes
322-280 - Desmembramento do Império de Alexandre
310-230 - Aristarco de Samos (trabalhos astronômicos: hipótese da rotação da Terra e do heliocentrismo)
300 - Os Elementos de Euclides
280-272 - Conquista da Sicília e do Epiro pelos romanos
264-241 - Primeira Guerra Púnica
262 - A Bíblia dita dos Setenta Trabalhos astronômicos e geográficos de Eratóstenes

Bibliografia recomendada:

REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. São Paulo, vol. II, Edições Loyola, 1993.